As mudanças psicológicas na menopausa podem ser tão desafiadoras quanto as alterações físicas que ocorrem durante esse período. Embora o foco muitas vezes seja direcionado para os sintomas físicos, como ondas de calor e alterações no ciclo menstrual, é fundamental entender que essa fase também traz impactos significativos à saúde mental. Alterações hormonais intensas, especialmente a queda do estrogênio, afetam diretamente o equilíbrio emocional, o humor e até a cognição.
Compreender essas mudanças e saber como lidar com elas pode ajudar a atravessar essa fase com mais tranquilidade e bem-estar. Neste artigo, vamos explorar as principais mudanças emocionais que ocorrem durante a menopausa e apresentar estratégias eficazes para preservar a saúde mental. A informação correta e o suporte adequado são aliados importantes para enfrentar esse momento com confiança.
O que causa mudanças psicológicas durante a menopausa?
A menopausa é marcada por uma série de transformações no organismo feminino, e muitas delas estão relacionadas às alterações hormonais. O declínio na produção de estrogênio e progesterona, dois hormônios essenciais para o equilíbrio do corpo e da mente, desempenha um papel central nas mudanças psicológicas vivenciadas durante essa fase. O estrogênio, por exemplo, influencia diretamente os neurotransmissores responsáveis pelo humor, como a serotonina, e sua redução pode desencadear sentimentos de tristeza, irritabilidade e até sintomas depressivos.
Além disso, o impacto emocional da menopausa não se restringe apenas aos hormônios. Fatores externos, como mudanças no estilo de vida, estresse relacionado ao envelhecimento, preocupações familiares e profissionais, também contribuem para as alterações psicológicas. A percepção de que essa fase representa o fim do período reprodutivo pode afetar a autoestima e desencadear sentimentos de perda ou insegurança.
Portanto, entender a origem das mudanças psicológicas durante a menopausa é o primeiro passo para lidar de forma mais saudável com essa fase. Reconhecer que essas transformações são naturais e procurar apoio, quando necessário, pode fazer toda a diferença na qualidade de vida durante esse período.
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As 7 principais mudanças psicológicas na menopausa
1. Alterações de humor
A menopausa traz consigo uma série de alterações de humor que podem ser difíceis de administrar no dia a dia. Oscilações frequentes entre momentos de alegria e tristeza, irritabilidade intensa e até crises de choro sem motivo aparente são queixas comuns entre as mulheres que estão passando por essa fase. Essas mudanças emocionais estão diretamente relacionadas à queda dos níveis de estrogênio, hormônio que desempenha um papel importante na regulação do humor.
As Mudanças Não São Apenas Hormonais
Além do impacto hormonal, fatores externos como estresse, preocupações com a saúde e mudanças no estilo de vida também contribuem para o surgimento dessas variações emocionais. Situações que antes eram facilmente administradas podem se tornar desencadeadoras de irritação ou frustração, tornando o ambiente ao redor mais desafiador.
Vale ressaltar que as alterações de humor na menopausa não são permanentes e, com o tempo, tendem a se estabilizar. No entanto, durante o período em que ocorrem, podem interferir na qualidade de vida, nas relações interpessoais e no bem-estar geral. Praticar exercícios físicos, investir em momentos de autocuidado e buscar apoio emocional são estratégias eficazes para lidar com essas oscilações. Em casos mais graves, consultar um profissional de saúde, como um psicólogo ou médico, pode ser essencial para obter orientação adequada e, se necessário, tratamento.
2. Ansiedade
A menopausa é frequentemente acompanhada por um aumento significativo nos níveis de ansiedade. Essa sensação de preocupação constante e apreensão pode surgir sem um motivo aparente e tornar tarefas cotidianas mais difíceis de serem realizadas. A queda nos níveis de estrogênio afeta a regulação de neurotransmissores, como a serotonina e a dopamina, que desempenham um papel importante no controle do humor e das respostas ao estresse.
A ansiedade na menopausa pode se manifestar de diferentes formas, incluindo insônia, irritabilidade, dificuldade de concentração e até sintomas físicos, como tensão muscular e fadiga. Esses sinais podem gerar um ciclo de estresse, onde a preocupação contínua afeta o sono e a energia, piorando o estado emocional.
Como Lidar Com a Ansiedade
Para lidar com a ansiedade durante a menopausa, é importante adotar hábitos saudáveis, como a prática de atividades físicas regulares, que ajudam a liberar endorfina e reduzem o estresse. Técnicas de relaxamento, como meditação, respiração profunda e mindfulness, também são eficazes no alívio dos sintomas. Em casos mais graves, a orientação de um psicólogo ou psiquiatra pode ser necessária, garantindo um acompanhamento adequado e, se preciso, o uso de tratamentos complementares, como a terapia cognitivo-comportamental (TCC) ou medicação ansiolítica.

3. Tristeza Excessiva
A menopausa é uma fase de profundas transformações, e a tristeza excessiva pode ser uma das consequências psicológicas mais sérias desse período. A redução significativa dos níveis de estrogênio, hormônio que influencia diretamente neurotransmissores como a serotonina e a dopamina, está associada ao surgimento desses sintomas. Sentimentos de tristeza persistente, desânimo, perda de interesse em atividades que antes eram prazerosas e fadiga são sinais comuns que podem indicar a presença de um quadro preocupante.
Alguns Sintomas Não São “Normais”
É importante destacar que a depressão na menopausa não deve ser encarada como algo “normal” ou inevitável. Embora essa seja uma fase desafiadora, existem formas eficazes de tratamento e prevenção. Procurar apoio psicológico, manter uma rotina de exercícios físicos, cuidar da alimentação e buscar atividades que promovam o bem-estar emocional são estratégias importantes para lidar com a depressão. Em casos mais graves, a ajuda de um profissional de saúde, como um psiquiatra, pode ser essencial para avaliar a necessidade de medicamentos antidepressivos e oferecer o suporte adequado.
4. Insônia e distúrbios do sono
A menopausa é frequentemente acompanhada por insônia e outros distúrbios do sono que afetam diretamente a qualidade de vida. A queda nos níveis de estrogênio e progesterona, hormônios que desempenham um papel importante na regulação do sono, é a principal causa dessas dificuldades. Como resultado, muitas mulheres relatam dificuldades para adormecer, despertares frequentes durante a noite e sensação de cansaço ao acordar.
Além das alterações hormonais, os sintomas típicos da menopausa, como ondas de calor e suores noturnos, podem interromper o sono repetidamente, causando desconforto e aumentando o estresse. A falta de sono reparador não afeta apenas o corpo, mas também a mente, agravando problemas como irritabilidade, ansiedade e dificuldades de concentração ao longo do dia.
Como Minimizar os Efeitos
Para minimizar os efeitos da insônia durante a menopausa, é fundamental adotar bons hábitos de higiene do sono. Manter um horário regular para dormir e acordar, evitar o consumo de cafeína e bebidas alcoólicas no período da noite e criar um ambiente propício ao relaxamento são medidas que podem ajudar. Práticas de relaxamento, como meditação e técnicas de respiração, também contribuem para melhorar a qualidade do sono.
Se as dificuldades persistirem, é recomendável buscar orientação médica.
5. Perda de memória e dificuldade de concentração
A menopausa pode causar perda de memória e dificuldade de concentração, sintomas que, apesar de não serem tão falados quanto as alterações físicas, são bastante comuns durante essa fase. Muitas mulheres relatam lapsos de memória e a sensação de estar com a mente “nebulosa”, o que dificulta a realização de tarefas diárias que antes pareciam simples.
Esses problemas cognitivos estão relacionados à queda nos níveis de estrogênio, que desempenha um papel essencial no funcionamento cerebral. O estrogênio influencia a comunicação entre as células do cérebro e ajuda a manter a plasticidade neural, o que significa que, com sua redução, é natural que ocorram dificuldades na retenção de informações e na concentração.
Formas de Amenizar os Sintomas
Felizmente, existem formas de amenizar esses sintomas. A prática regular de exercícios físicos, especialmente atividades aeróbicas, pode melhorar a função cognitiva ao estimular a circulação sanguínea e a liberação de endorfina. Além disso, manter a mente ativa por meio de leitura, quebra-cabeças e outras atividades intelectuais é uma ótima forma de fortalecer a memória e a concentração. Procurar técnicas de relaxamento, como meditação, também pode ajudar a reduzir o estresse e melhorar a clareza mental.
Se os problemas persistirem ou se tornarem muito incômodos, buscar orientação de um médico é fundamental.
6. Redução da autoestima
A menopausa pode provocar uma redução significativa da autoestima em muitas mulheres, devido às diversas mudanças físicas e emocionais que ocorrem durante essa fase. Alterações no corpo, como ganho de peso, ressecamento da pele, queda de cabelo e diminuição da elasticidade da pele, afetam a percepção da própria imagem e podem gerar sentimentos de insegurança e insatisfação consigo mesma.
Além das transformações físicas, a sensação de perda de fertilidade e as mudanças no papel social da mulher, como a saída dos filhos de casa ou a proximidade da aposentadoria, também contribuem para a diminuição da autoestima. Essa combinação de fatores pode levar a uma percepção negativa de si mesma e ao surgimento de pensamentos autocríticos.
Aprenda a Lidar com a Redução da Autoestima
Para lidar com a redução da autoestima durante a menopausa, é importante investir em autocuidado e fortalecer a autocompaixão. Práticas como exercícios físicos regulares, que ajudam a melhorar a disposição e a sensação de bem-estar, e uma alimentação equilibrada, que favorece a saúde e a aparência, podem trazer impactos positivos. Também é essencial buscar atividades que proporcionem prazer e realização pessoal, resgatando a confiança e a valorização individual.
Além disso, conversar com amigas, familiares ou profissionais de saúde pode ser uma forma eficaz de encontrar apoio emocional. A terapia, seja individual ou em grupo, também é uma excelente ferramenta para trabalhar a autoestima, ajudando a mulher a reconhecer seu valor e a lidar de forma saudável com as mudanças da menopausa.
7. Isolamento social
A menopausa pode contribuir para o isolamento social, uma vez que as mudanças físicas, emocionais e cognitivas dessa fase frequentemente afetam a disposição e a interação social das mulheres. O cansaço excessivo, a irritabilidade, a ansiedade e a diminuição da autoestima são fatores que podem levar ao afastamento de amigos, familiares e colegas. Em muitos casos, as mulheres evitam encontros sociais por não se sentirem confortáveis com as alterações em seu corpo ou por não conseguirem lidar bem com o humor oscilante.
Essa falta de convívio social não apenas agrava o quadro emocional, mas também aumenta o risco de desenvolver problemas como depressão e ansiedade.
Dicas Para Evitar o Isolamento Social
Para evitar o isolamento social durante a menopausa, é essencial reconhecer a importância de manter vínculos afetivos. Participar de grupos de apoio, onde é possível compartilhar experiências com outras mulheres que estão passando pela mesma fase, pode ser uma maneira eficaz de se sentir compreendida e acolhida. Manter-se ativa socialmente, ainda que de forma gradual, ajuda a preservar a saúde mental e emocional.
Atividades como voluntariado, cursos e práticas de lazer também contribuem para melhorar a autoestima e incentivar a interação com outras pessoas. Caso o isolamento já esteja prejudicando a qualidade de vida, buscar o apoio de um profissional, como um psicólogo, pode ser fundamental para restabelecer a confiança e reconstruir os laços sociais.
Estratégias para cuidar da saúde mental durante a menopausa
1. Terapias e aconselhamento psicológico
O acompanhamento psicológico durante a menopausa ajuda a mulher a lidar melhor com essas mudanças, proporcionando um espaço seguro para expressar emoções, entender os desafios dessa fase e desenvolver estratégias saudáveis para enfrentá-los. A terapia cognitivo-comportamental (TCC), por exemplo, tem se mostrado bastante eficaz no tratamento de sintomas emocionais como ansiedade e depressão, pois trabalha com a reestruturação de pensamentos negativos e o desenvolvimento de comportamentos mais positivos.

2. Estilo de vida saudável
Manter um estilo de vida saudável é fundamental para lidar melhor com os sintomas da menopausa e preservar a saúde física e mental. Durante essa fase, as alterações hormonais podem causar ganho de peso, perda de massa muscular, insônia e variações no humor, tornando ainda mais importante a adoção de hábitos que promovam o bem-estar.
Atividades como caminhadas, musculação e yoga ajudam a controlar o peso, fortalecem os ossos e músculos, além de liberarem endorfinas, que melhoram o humor e reduzem o estresse. O ideal é escolher atividades que proporcionem prazer, facilitando a manutenção de uma rotina ativa.
3. Técnicas de relaxamento
Uma das técnicas mais utilizadas é a respiração profunda, que consiste em inspirar lentamente pelo nariz, segurando o ar por alguns segundos, e expirar suavemente pela boca. Esse tipo de respiração ativa o sistema parassimpático, responsável pelo relaxamento do corpo, diminuindo a frequência cardíaca e proporcionando uma sensação de calma imediata.
A meditação é outra prática bastante recomendada durante a menopausa. Ao dedicar alguns minutos do dia para focar a atenção na respiração ou em um som específico, a mulher pode reduzir os pensamentos negativos e a ansiedade. A meditação regular melhora o controle emocional e aumenta a sensação de clareza mental, ajudando a lidar com as mudanças hormonais de forma mais equilibrada.
4. Rede de apoio
Conversar abertamente sobre os sintomas e dificuldades da menopausa com pessoas próximas ajuda a reduzir o sentimento de isolamento. Muitas mulheres evitam falar sobre essa fase por vergonha ou medo de não serem compreendidas, mas abrir esse diálogo pode fortalecer os vínculos afetivos e permitir que as pessoas ao redor ofereçam apoio adequado.
Além do círculo social, os grupos de apoio específicos para mulheres na menopausa são excelentes alternativas. Nesses ambientes, é possível compartilhar experiências, aprender novas estratégias para lidar com os sintomas e, acima de tudo, sentir-se compreendida por outras pessoas que passam pelas mesmas situações.
Quando buscar ajuda profissional?
Durante a menopausa, é natural enfrentar mudanças físicas e emocionais, mas em alguns casos, os sintomas podem se tornar intensos a ponto de interferir na qualidade de vida. Saber quando buscar ajuda profissional é fundamental para garantir que essa fase seja vivida de forma mais equilibrada e saudável.
Se os sintomas emocionais, irritabilidade constante e insônia, persistirem por longos períodos e dificultarem as atividades diárias, é hora de procurar o apoio de um profissional de saúde. Psicólogos e terapeutas podem ajudar a lidar com essas questões emocionais, oferecendo técnicas e estratégias para melhorar o bem-estar mental. A terapia cognitivo-comportamental (TCC), por exemplo, é uma abordagem eficaz para tratar sintomas como ansiedade e depressão, comuns durante a menopausa.
Além do apoio psicológico, médicos especializados, como ginecologistas e endocrinologistas, são essenciais para avaliar o quadro hormonal e indicar tratamentos adequados. Em alguns casos, a terapia de reposição hormonal (TRH) pode ser recomendada para aliviar sintomas físicos e emocionais intensos, sempre levando em conta a individualidade de cada mulher.
Conclusão
A menopausa é uma fase natural da vida, mas também traz desafios significativos que afetam tanto o corpo quanto a mente. As mudanças hormonais intensas, associadas às transformações emocionais e sociais, podem impactar a qualidade de vida de forma expressiva. No entanto, entender essas alterações e adotar estratégias eficazes para lidar com elas faz toda a diferença.
Não encare a menopausa como o fim de uma etapa, mas como o início de uma nova fase, repleta de possibilidades. Com informação, autocuidado e suporte adequado, é possível viver esse período de maneira plena e satisfatória, mantendo a autoestima, a saúde emocional e a qualidade de vida. Se necessário, não hesite em procurar ajuda profissional para enfrentar os desafios dessa fase com confiança e serenidade.
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